Caros camaradas,
A vossa candidatura avançou, através dos meios de Comunicação Social (ver DN, 12-4-2015), uma proposta política «dirigida a “todos quantos se tenham posicionado contra as actuais politicas e contra a austeridade”, no sentido de que seja criado um compromisso sobre “temas inadiáveis”, como a negociação da dívida, o desemprego, a desigualdade, as privatizações e a própria politica, nomeadamente em termos de luta contra a corrupção.”
Ao ter conhecimento desta proposta, a Direcção do POUS formula a seguinte resposta:
- Como qualquer militante, qualquer trabalhador ou cidadão em geral, defensor de uma política de desenvolvimento do nosso país, que garanta uma vida digna a toda a população, só podemos ver como positiva uma iniciativa política que vá neste sentido, pondo fim à aplicação das directivas ditadas pelas instituições da União Europeia e pelo FMI, apeando do poder o PSD e o CDS, zelosos aplicadores das mesmas, pois elas confundem-se com o seu programa de Governo.
- Sendo assim, não somos indiferentes ao vosso apelo e às vossas legítimas preocupações, mesmo se não partilhamos por inteiro o seu conteúdo.
- Consideramos – por exemplo – que o povo trabalhador português não tem que pedir a renegociação de uma dívida pela qual não é responsável. Consideramos uma questão de legítima justiça afirmar que ninguém do povo trabalhador – de um operário a um médico ou professor, de um pequeno agricultor, comerciante ou empresário asfixiado em impostos e sem meios para concorrer com os grandes sectores económico, defendidos e protegidos pelas leis da União Europeia, bem como os jovens sem condições para continuar os seus estudos, no desemprego ou a vender o sua força de trabalho em condições humilhantes – tem responsabilidade sobre qualquer “dívida pública”.
O povo não é devedor dos senhores do capital financeiro sem rosto e sem pátria, eles sim responsáveis pela situação em que nos encontramos, responsáveis pela profunda injustiça e retrocesso social e cultural do povo português e dos povos do resto do mundo. Eles sim são responsáveis por levarem os governos a endividar-se, ao mesmo tempo que destruíam as bases económicas e sociais das nações.
O exemplo da renegociação da dívida nalguns países da América Latina é significativo da continuação do endividamento e estrangulamento desses mesmos países.
Não subscrevendo a vossa posição sobre a questão da dívida, estamos no entanto incondicionalmente contra as privatizações, com a batalha contra o “desemprego” (cujo conteúdo para nós passa pela proibição dos despedimentos), com políticas contra a “desigualdade” (que não podem ter outra tradução senão a da defesa dos serviços públicos, repondo os Orçamentos cortados pelo Governo/Troika na Escola Pública, no Serviço Nacional de Saúde, na Segurança Social, na Justiça ou nos Transportes).