Apelo da Conferência de 14 de Junho – Madrid

Os resultados eleitorais de 25 de Maio desencadearam um terramoto político que está longe da sua resolução.

Dias após o PP (Partido Popular – equivalente do PSD) e o PSOE (Partido Socialista Operário espanhol – equivalente do PS) – partidos directamente implicados na aplicação das políticas ditadas pela União Europeia e base de sustentação da Monarquia – terem, em conjunto, recolhido pouco mais de 20% dos votos do total dos eleitores inscritos, o rei Juan Carlos anunciou a sua abdicação.

A burguesia procurava assim, sacrificando o herdeiro de Franco, que durante quase 40 anos foi o representante da Monarquia espanhola – instituição arcaica, em decomposição e cada vez mais desrespeitada e odiada pelos povos do Estado espanhol –, salvar o essencial (as instituições da Monarquia, submetidas às directivas da União Europeia e aos interesses do capital financeiro), descartando o acessório (a figura, Juan Carlos, substituindo-a por outra, o seu filho).

Esse anúncio fez desencadear todo um movimento generalizado de “Abaixo a monarquia! República já!”. Da Catalunha ao País Basco, à Andaluzia, à Galiza, das grandes cidades aos pequenos povoados, centenas de milhar marcharam nas ruas, erguendo a bandeira republicana lado-a-lado com a de cada uma dessas nações. É a vontade de conquista de República e da soberania dos povos que se manifesta por todo o lado.

Esse movimento chegou ao próprio interior do PSOE, tendo obrigado a sua Direcção a impor disciplina de voto nas Cortes (“Parlamento”), por forma a garantir a continuidade do processo de sucessão.

No passado dia 14 de Junho teve lugar, em Madrid, um Encontro de militantes operários, jovens e trabalhadores, de diversas tendências, que pretendeu ser catalisador do combate que conduza à acção unida dos trabalhadores e dos povos, com as suas organizações, levando-as a assumir as suas responsabilidades à cabeça destas mobilizações (ver aqui o Apelo saído desse Encontro).